Um sonho em construção

Nesta seção estão fotografias de séries distintas que revelam um pouco do processo de construção da capela e das peças artísticas de Lenio Braga.

A grande maioria dos negativos do acervo de Lenio são nos formatos 6X6 e 35mm em P&B. Os negativos da primeiras fotos desta seção estavam em um envelope simples, similar aos demais, e eram os únicos coloridos. Estavam bastante danificados e desbotados e passaram por uma leve correção de cor. Também são os únicos registros onde aparece o Sr. Juvino Oliveira, de chapéu, observando o trabalho realizado na pia batismal.

Além destes, existiam quatro slides coloridos, incluindo as imagens coloridas do sino e a do crucifixo abaixo.

Algumas fotografias apresentam problemas de foco, exposição e iluminação mas foram incluídas na mostra pelo valor histórico e documental. Um exemplo é poder constatar que o posicionamento previsto para a imagem do Menino Jesus era em uma pequena estrutura de pedra na parede onde hoje fica o crucifixo. Este, por sua vez, estava previsto para ficar sobre o altar.

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Texto original do folheto feito para a inauguração da Capela.

PORQUE FIZ CONSTRUIR A CAPELINHA DO MENINO JESUS

Pelos idos de 194o, encontrava-me na Fazenda “Goitacás”, hoje pertencente aos meus filhos, a 12 horas de viagem a cavalo da sede do então distrito de Itatinga, hoje município de Itapetinga, medindo pequenas glebas de matas virgens, para empreitadas de “roças”. As noites eram dormidas numa casinha de ” taipa”, residência do meu administrador.

Ainda era madrugada, quando fui surpreendido com um sonho maravilhoso: o pequeno compartimento em que dormia, transformara-se num infinito de luz e beleza incomparáveis, na visão que me veio, onde um menino, com longa e alvíssima túnica, sustentava em suas mãos um globo resplandecente. Senti-me infinitamente pequeno ante aquela infinita grandeza, mas, com a mesma sensação e tranquilidade de quando era criança, ao lado dos meus pais.

Regressando à minha residência, relatei o fato à minha esposa que, emocionada, correu ao santuário, e de lá trazendo um quadro, me apresentou, perguntando-me: “Veja se foi este?”. Realmente era aquele, o quadro do Menino Jesus, lembrança da sua primeira comunhão. Senti que havia recebido naquele sonho, como que um segundo batismo e mais uma graça da fé.

De 1955 a 1959, dediquei-me inteiramente à vida pública, como primeiro Prefeito deste município; sem outra pretensão qual a de atender a amigos que diziam ser a minha candidatura a única em condições de manter a paz e a tranquilidade de Itapetinga, governei inspirado no princípio de que todo poder emana de Deus, adotando como plano administrativo o lema: “do preciso o mais preciso”.

Convoquei e tive a meu lado todas as forças vivas do município, inclusive os clubes de serviço já organizados, e a Associação Cultural Itapetinguense ( ACI) fundada pelo primeiro médico que aqui veio clinicar, Dr. Orlando Borges Bahia. Assim, com relativa facilidade, venci os obstáculos de uma primeira administração, e, ao terminá-la, o nome do nosso município, com o seu fabuloso desenvolvimento e a sua Exposição Agropecuária, projetava-se além fronteiras, conhecido em todo o país. O meu governo serviu de base para outros mais arrojados.

Ao deixar a Prefeitura, sentia-me tão exausto que não tive argumentos para convencer um grupo de amigos quanto era delicado o meu estado de saúde, que não me permitia atender ao apelo que me faziam, para integrar-me no movimento cívico da campanha presidencial que se iniciava. Ao ver-me envolvido na luta partidária, cujos princípios não afinavam com o meu feitio, senti-me como um barco sem leme em mar revolto, e acabei em profundo esgotamento físico e nervoso.

Numa interminável noite de insônia, no auge da angústia e tribulação, levantei-me movido por uma força superior, e, apanhando a Bíblia, pedi a Deus que me iluminasse e deixei o Livro sagrado em posição que o abrisse naturalmente, para que a minha vista caísse em algo que me confortasse. Foi o meu olhar atirado sare o seguinte versículo: “Basta-te a minha graça porque é na fraqueza que o meu poder se manifesta por completo”. (Segundo Coríntio XII – 9 ). O resultado foi tão salutar para mim, que voltei imediatamente ao leito e adormeci tranquilo o resto da noite.

Pouco tempo depois, tive necessidade de repetir aquele processo e obtive a seguinte resposta: “Ouvindo isto Jesus disse-lhe: ‘esta enfermidade não é de morte, mas é para a glorificação de Deus, a fim de que o Filho de Deus seja glorificado por ela”. (S. João XI-4).

Reconhecendo ser estas coincidências revelações do Alto, fiquei tão emocionado, como em estado de choque ou crise de alegria, a ponto de assustar meus familiares. No segundo dia dessa transformação, fui surpreendido por minha filha que viera de Salvador trazendo o meu inesquecível amigo de infância, Dr. Orlando Bahia e psiquiatra para me atender. Tinha tanta certeza que estava com a verdade, que procurei conter-me a fim de colaborar com os meus entes queridos. Continuei seguindo os ditames da minha consciência, convicto de que na força da minha fraqueza manifestava-se o poder de Deus, e preocupado como poderia manifestar materialmente o meu agradecimento por tanta graça recebida.

Até que, relembrando meu sonho maravilhoso, encontrei-me com Guarani, a quem pedi a planta de uma gruta inspirada na Onipotência do Grande Arquiteto do Universo, onde pudesse retransmitir a minha visão e perpetuar a minha gratidão.

Assim nasceu e floresceu a ideia da Capelinha do Menino Jesus, recebendo como mais uma graça de Deus, o interesse e o carinho demonstrados pelos Arquitetos Guarani Araripe, Alberto Hoisel e Katsuki, do engenheiro Fidelino Ribeiro e do escultor Lenio Braga. Cinco profissionais que imbuídos de um só pensamento, aliaram à sua comprovada capacidade uma inspiração incomum, movimentando-se num perfeito sincronismo, como se fôra os dedos de poderosa mão designada do Alto, no cumprimento de missão extraterrena.

Também o mestre de obras Gilberto Assis, cuidou dos mínimos detalhes da construção, orientando o serviço com interesse, paciência e amor verdadeiramente franciscanos, cujo sobrenome faz lembrar a imensa abnegação de S. Francisco de Assis aos seus discípulos e à célebre Capelinha da Porciúncula.

Por fim, neste templo está a dedicação de algumas dezenas de operários, durante aproximadamente quatro anos, desde a escavação do solo para início da base, até a tiragem e transporte das pedras feitos por Agostinho, Bispo Florêncio de Santana, Caboclinho, Paulo e Miguel de Deus, e divinos obreiros que tilintando os seus martelos, na formação de milhares de pedras, com facetas diferentes como fisionomias humanas, uniram-se fraternalmente, representando a vontade do Pai na união dos Filhos.

Depois de tantos séculos de guerra e incompreensões, somente agora, as religiões verdadeiras, que têm por finalidade a procura da verdade pregada por Cristo Redentor, começam a reconhecer a necessidade da união de todos, como única fórmula para a paz que é a salvação do mundo.

Esta união dos homens, com acatamento e respeito às suas ideias e aos seus princípios, aqui fica simbolizada nesta Capelinha do Menino Jesus, cujas paredes, cada uma com forma e direção próprias, reuniram-se para sustentáculo deste teto, que representa o céu se movimentando para um novo encontro com a terra, quando Cristo nos reafirmará: “Eu sou a ressurreição e a vida!!!!”.

JUVINO OLIVEIRA

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